domingo, setembro 02, 2007

Memória das minhas putas tristes - Gabriel Garcia Márquez


"Desde então comecei a medir a vida não por anos mas por décadas. A dos cinquenta tinha sido decisiva porque tomei consciência de que quase toda a gente era mais nova que eu. A dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que já não tinha tempo para me equivocar. A dos setenta foi terrível por uma certa probabilidade de que fosse a última. Não obstante, quando acordei vivo na primeira manhã dos meus noventa anos na cama feliz de Delgadina, atravessou-me a ideia complacente de que a vida não fosse algo que corre como o rio revolto de Hemaclito, mas sim uma ocasião única de dar a volta na grelha e continuar a assar do outro lado durante mais noventa anos."

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