segunda-feira, setembro 03, 2007

Antoine de Saint-Exupéry - O Principezinho






Uma vez, tinha eu seis anos, vi uma imagem magnífica num livro sobre a Floresta Virgem chamado "histórias Vividas". Era uma jibóia a engolir uma fera. Copiei o desenho para vocês poderem ver como era.



O livro explicava: "As jibóias engolem as presas inteirinhas, sem as mastigar. Depois nem sequer se podem mexer e ficam a dormir durante os seis meses que a digestão demora."Então, pensei e tornei a pensar nas aventuras da selva, peguei num lápis de cor e acabei por conseguir fazer o meu primeiro desenho. o meu desenho número 1. Era assim:



Fui mostrar a minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei-lhes se o meu desenho lhes metia medo.As pessoas grandes respondera: "Como é que um chapéu pode meter medo?"O meu desenho não era um chapéu. O meu desenho era uma jibóia a digerir um elefante. Para as pessoas grandes conseguirem perceber, porque as pessoas grandes estão sempre a precisar de explicações, fui desenhar a parte de dentro da jibóia. O meu desenho número 2 ficou assim:

As pessoas grandes disseram que era melhor eu deixar-me de jibóias abertas e jibóias fechadas e dedicar-me antes à geografia, à história, à matemática e à gramática. Foi assim que, aos seis anos, me vi forçado a desistir de uma magnífica carreira de pintor. Os sucessivos insucessos do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2 fizeram-me desanimar. As pessoas grandes nuncam percebem nada sozinhas e uma criança acaba por se cansar de ter que estar sempre a explicar-lhes tudo.
Portanto, tive de escolher outra profissão: fui para aviador. Um bocadinho aqui, um bocadinho ali, já voei por quase todo o mundo. E claro que a geografia me serviu de muito. Por exemplo: era capaz de distinguir, logo à primeira vista, a China do Arizona.É muito útil, sobretudo quando andamos perdidos de noite.
Evidentemente que, pela vida fora, tive uma data de contactos com uma data de gente importante. Vivi muito tempo no mundo das pessoas grandes. Vi-as de ben oerti. Não fiquei com muito melhor opinião delas.
Quando encontrava uma que me parecia um poucochinho mais lúcida, fazia-lhe a experiência do meu desenho número 1, que ainda hoje conservo. Queria apurar se ela era mesmo capaz de perceber alguma coisa. Mas invariavelmente, todas respondia: " É um chapéu." Então, não me punha a falar de jibóias, de florestas virgens ou de estrelas. Punha-me era ao seu nível. Falava de bridge, de golfe, de política e de gravatas. E a pessoa grande lá ficava toda contente por ter conhecido um homem com tanto juízo.



1 comentário:

Patrícia disse...

Oh! Meu querido afilhado. Muito obrigada pelas tuas palavras :) acredita que estou a precisar de apoio sim. Mas tudo se resolve é preciso é calminha. Pois, eu já tinha dito à Carla :) também tenho muitas saudades tuas, falta-me aquela gargalhada eheheheheh. Vocês têm que vir cá fazer uma visita à gente sim? Pensem nisso...A disponibilidade é pouca mas nunca se sabe...
Beijo grande aqui da madrinha maluca eheheheheh e boa sorte também para ti

p.s- olha que tens aqui um blog muito interessante, sim senhor;)