"O Estrangeiro, porém, estava disposto a mostrar que a sua cultura valia mais que o esforço de cada um daqueles homens e mulheres no bar. Apontou para uma moldura na parede:
- Sabem o que é isso? Um dos mais famosos quadros do mundo: a última ceia de Jesus com os seus discípulos, pintado por Leonardo da Vinci.
- Não deve ser tão famoso assim - disse a dona do hotel. - Custou tão pouco.
- É apenas uma reprodução; a verdadeira pintura encontra-se numa igreja muito longe daqui. Mas existe uma lenda a respeito deste quadro, não sei se vocês gostariam de conhecê-la.
(...)
- Ao conceber este quadro, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava de pintar o Bem - na imagem de Jesus - e o Mal - na figura de Judas, o amigo que reslve traí-lo durante o jantar. Interrompeu o trabalho a meio, até conseguir encontrar os modelos ideais.
»Certo dia, enquanto assistia à exibição de um coral, viu num dos rapazes a imagem perfeita de Cristo. Convidou-o para o seu atelier, e reproduziu os seus raços em estudos e esboços.
»Passaram-se três anos. A Última Ceia estava quase pronta - mas da Vinci ainda não tinha encontrado o modelo ideal de Judas. O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressioná-lo, exigindo que terminasse depressa o mural.
»Depois de muitos dias procurando, o pintor encontrou um jovem prematuramente envelhecido, esfarrapado, bêbado, caído na sarjeta. Com dificuldade pediu aos seus assistentes que o levassem até à igreja, pois já não tinha mais tempo para fazer esboços.
»O mendigo foi carregado até lá, sem entender bem o que estava a acontecer: os assistentes mantinham-no de pé, enquanto da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas naquela face.
» Quando terminou, o mendigo - já um pouco recuperado da sua bebedeira - abriu os olhos e viu a pintura à sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:
- Eu já vi este quadro antes!
- Quando? - perguntou um surpreso da Vinci.
- Há três anos atrás, antes de eu perder tudo o que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos, o artista convidou-me para posar como modelo para a face de Jesus.
(...)
- Ou seja, o Bem e o Mal têm a mesma face; tudo depende apenas da época em que cruzam o caminho de cada ser humano."
- Sabem o que é isso? Um dos mais famosos quadros do mundo: a última ceia de Jesus com os seus discípulos, pintado por Leonardo da Vinci.
- Não deve ser tão famoso assim - disse a dona do hotel. - Custou tão pouco.
- É apenas uma reprodução; a verdadeira pintura encontra-se numa igreja muito longe daqui. Mas existe uma lenda a respeito deste quadro, não sei se vocês gostariam de conhecê-la.
(...)
- Ao conceber este quadro, Leonardo da Vinci deparou-se com uma grande dificuldade: precisava de pintar o Bem - na imagem de Jesus - e o Mal - na figura de Judas, o amigo que reslve traí-lo durante o jantar. Interrompeu o trabalho a meio, até conseguir encontrar os modelos ideais.
»Certo dia, enquanto assistia à exibição de um coral, viu num dos rapazes a imagem perfeita de Cristo. Convidou-o para o seu atelier, e reproduziu os seus raços em estudos e esboços.
»Passaram-se três anos. A Última Ceia estava quase pronta - mas da Vinci ainda não tinha encontrado o modelo ideal de Judas. O cardeal, responsável pela igreja, começou a pressioná-lo, exigindo que terminasse depressa o mural.
»Depois de muitos dias procurando, o pintor encontrou um jovem prematuramente envelhecido, esfarrapado, bêbado, caído na sarjeta. Com dificuldade pediu aos seus assistentes que o levassem até à igreja, pois já não tinha mais tempo para fazer esboços.
»O mendigo foi carregado até lá, sem entender bem o que estava a acontecer: os assistentes mantinham-no de pé, enquanto da Vinci copiava as linhas da impiedade, do pecado, do egoísmo, tão bem delineadas naquela face.
» Quando terminou, o mendigo - já um pouco recuperado da sua bebedeira - abriu os olhos e viu a pintura à sua frente. E disse, numa mistura de espanto e tristeza:
- Eu já vi este quadro antes!
- Quando? - perguntou um surpreso da Vinci.
- Há três anos atrás, antes de eu perder tudo o que tinha. Numa época em que eu cantava num coro, tinha uma vida cheia de sonhos, o artista convidou-me para posar como modelo para a face de Jesus.
(...)
- Ou seja, o Bem e o Mal têm a mesma face; tudo depende apenas da época em que cruzam o caminho de cada ser humano."
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